quarta-feira, 27 de outubro de 2010

As mulheres assassinaram o cavalheirismo

Não preciso que ninguém pague a conta do restaurante: trabalho desde os 20 anos e posso muito bem arcar com o preço da minha almôndega.

Não preciso que ninguém puxe a cadeira para que eu sente: tenho braços e o mínimo de coordenação motora para realizar a tarefa.

Não preciso que ninguém abra a porta do carro para eu entrar: consigo usar minhas mãos pra isso. E, bônus, sem cair de cara no meio-fio.

Realmente posso fazer tudo isso sozinha. Mas adoro quando um homem faz por mim.

Cavalheiros são uma raça superior; e mulheres que sabem receber essas delicadezas sem chiliques, também. Nada mais ridículo do que uma feminista ensandecida que interpreta uma simples gentileza masculina (chamar o garçom para servir o vinho, por exemplo) como uma ameaça devoradora à sua independência. Parece que ele está querendo extirpar o clitóris da cidadã. Ah, vá se catar! Beba o vinho e cala a boca: deixe o cara ser homem e cuidar.

Adoro mimos masculinos. Quanto mais flores chegarem ao meu trabalho, melhor. Curto que cedam a passagem para mim na escada rolante. Se ele quiser ficar do lado da rua enquanto andamos na calçada, tudo bem: não sinto minha liberdade ameaçada porque ele prefere que eu não seja atropelada. É uma tremenda mentira dizer que afagos cavalheirísticos não fazem falta nestes tempos de tantas obrigações, deveres infindáveis. Para que me privar de coisas tão boas quanto ter uma jaqueta colocada sobre as minhas costas numa noite de vento frio? Aceito ser a parte mais “fraca” se isso significa ser cuidada com carinho.

Mas homem cavalheiro é um troço difícil de achar. E a culpa é, em boa parte, das mulheres: se parássemos de reclamar da falta de modos e galanteios dos machos e nos tornássemos melhores professoras (seja como fêmeas, seja como mães), todas estaríamos mais satisfeitas. No final das contas, eles são frutos da nossa educação. Se a maioria tem o grau de gentileza de um hooligan é porque deixamos de mostrar que ser zeloso não é sinônimo de ser veadinho e que ser carinhoso não broxa; nos omitimos na hora de apontar a trilha certa e só saímos da moita no momento de dar bronca porque eles enfiaram o pé no estrume. Daí já é meio tarde: a merda está feita.
P.S: Da mesma maneira que as mulheres deixaram de admitir e achar natural serem subjugadas, está na hora de reivindicar sermos tratadas com gentileza. E tratar da mesma forma. Porque, pra mim, ser gentil não está associado a querer traçar alguém; apenas acho que o mundo, com um pouco mais de tato, se tornaria um lugar mais agradável para passar a vida. E como é o único lugar que todos temos…

sábado, 9 de outubro de 2010

John Lennon, faria hoje 70 anos!


John Winston Lennon, o garoto de Liverpool que se tornou um ícone da rebeldia rock and roll com os Beatles e em sua carreira solo, foi amado e odiado por suas músicas e convicções políticas, e foi assassinado aos 40 anos por um fã com distúrbios mentais, viveu uma das histórias mais conhecidas e fantásticas do século 20. Se estivesse vivo, ele completaria 70 anos neste 9 de outubro.
John entrou na faculdade de Artes, mas continuou dando prioridade para a banda. Em 1960 os quatro garotos, com Pete Best foram para Hamburgo, onde tocaram uma temporada de 48 noites em bares da cidade, fazendo shows longos, movidos à anfetaminas. De volta a Liverpool, começaram a ganhar fama tocando no Cavern Club, onde conheceram o empresário Brian Epstein, que os aconselhou a substituir Best por Ringo Starr. O resto é história. A partir do primeiro single gravado, Love Me Do, em 1962, os Beatles viaram a maior banda de rock do mundo e símbolo da década de 60, durante a chamada "Beatlemania".
Em carreira solo, Lennon compôs clássicos autobiográficos como Instant Karma!, Cold Turkey (sobre o vício em heroína), God (que tem a famosa frase "O Sonho Acabou"), Mother (sobre a rejeição da mãe Julia), Jealous Guy (pedido de desculpas a Yoko após uma briga) e o hino pacifista Imagine. Morando em Nova York e participando ativamente de movimentos pelo fim da guerra, Lennon passou a ser considerado "inimigo do Estado" pelo então presidente dos EUA Richard Nixon, que o tentou deportar do país. A partir de 1975, ele se afastou dos palcos e se dedicou a cuidar do filho Sean.
Em 1980 ele voltou a gravar, e fez o disco Double Fantasy. Mas a volta foi interrompida em 8 de dezembro daquele ano, quando Mark David Chapman, após pedir para Lennon autografar um disco, lhe deu um tiro, na frente do apartamento onde o cantor morava. John Lennon morria e virava uma lenda, aos 40 anos. Desde então, a mito em torno do menino de Liverpool que acreditava que podia mudar o mundo com seu talento só cresceu, e hoje fãs de todo o mundo celebram os 70 anos de nascimento de John Winston Lennon.

Crônica do Amor


Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.

O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.

Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no
ódio vocês combinam. Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a
menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama
este cara?

Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.

É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura
por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.

Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim.

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.

Arnaldo Jabor